02/02/08

Desabafos...

Olá caros camaradas!

Finalmente alguns minutos para poder partilhar alguns desabafos.

Quando decidi que queria participar na política (em particular a nível local) foi algo ponderado e realmente com vontade de poder participar na sociedade de uma forma que ainda não tinha feito até então.

Quando iniciei funções na JS Gouveia introduzimos a ideia de que um juventude partidária não pode nem deve ser apenas um comjunto de jovens disponíveis para trabalhar a colar cartazes. Antes de mais deverá ser uma escola de valores e de formação.

Esta é a teoria que defendo e a prática que tenho defendido nas diversas actividades desenvolvidas.

Agora a praxis de muita gente, e em particular das gerações mais velhas, (as que estão no poder) é diferente.

Essas gerações têm receio do debate franco e da correspondente abertura. E digo isto independentemente dos partidos (seja mais à esquerda seja mais à direita).

Tenho ficado assustado e cada vez mais revoltado com uma série de notícias que têm surgido na comunicação social e que são do conhecimento de todos.

Assustado porque o estado de coisas parece ser cada vez mais grave e revoltado porque também me parece que ninguém consegue (ou quer) resolver nada.

Retenho apenas uma ou outra.

Primeiro: As declarações do Bastonário dos Advogados, criticadas por uma série de puristas que se sentem ofendidos com aquilo que parece evidente ao comum dos cidadãos. O estado de coisas vai continuar igual.

Segundo: Apenas (a nível nacional) Ferro Rodrigues, António José Seguro e Manuel Alegre têm tido coragem para colocar o dedo em algumas feridas, seja a nível do tema da corrupção, seja da actuação de alguns ministérios. O PS caracteriza-se por ter uma multiplicidade de vozes críticas que assim contribuem para a riqueza do partido. Faltam mais vozes, não para destruir mas, para construir melhor.

Terceiro: As recentes notícias sobre o Eng. José Sócrates e as assinaturas. Parece-me, mais uma vez, que há apenas aproveitamento político e não a intenção de realmente modificar seja o que for. Claro, só modificar o partido que está no Governo.

Quarto (e calo-me): O Jackpot (segundo a última edição do Expresso) que saiu ao Casino Lisboa com a assinatura do Ministro da altura (Telmo Correia).

Hoje na Antena1, José Manuel Pureza, a propósito dos 400 anos do Padre António Vieira, disse(e concordo plenamente) que o padre jesuíta foi um dissidente da sociedade de então. Dissidente pois defendia claramente os mais pobres e desfavorecidos contra os interesses instalados. Tanto que defendia que até teve "direito" a um processo da Inquisição. O Padre António Vieira além de ir à missa regulava a sua prática pelos valores que defendia.

Agora para terminar mesmo, falta modificar a linguagem bonita e politicamente correcta que estamos habituados a ter, para um uma bocadinho mais directa, não radical, mas directa.

É tempo de neste país sucessivas gerações de pessoas que vivem na pobreza, na ignorância, na doença, sem acesso a bens e serviços essenciais, se emanciparem e melhorarem as suas condições de vida (e não de sobrevivência).

É tempo de as nossas gerações assumirem as suas convicções e lutarem por elas e não irem apenas na procura da satisfação dos seus próprios interesses e pior ainda, seguirem os métodos das gerações mais velhas para alcançar o poder e exercê-lo.

Até já camaradas...

1 comentário:

Ricardo Monteiro disse...

Tomo a liberdade de começar a resposta ao post do camarada Ruben citando o parágrafo final do mesmo.
“É tempo de as nossas gerações assumirem as suas convicções e lutarem por elas e não irem apenas na procura da satisfação dos seus próprios interesses e pior ainda, seguirem os métodos das gerações mais velhas para alcançar o poder e exercê-lo.”
Este parágrafo é definidor, na minha opinião, daquilo que faz falta à nossa geração.
É tempo de acordarmos duma vez por todas deste marasmo em que estamos a viver, e, de assumirmos uma postura de verdadeira mudança! Pois mudar é preciso! Chega de sermos descrentes e conformistas e passarmos a ser activos, vamos reivindicar mais e melhor para todos!
Chega de criticar por criticar, chega de tentativas de calar e oprimir quem luta por ter trabalho, por ter uma vida minimamente condigna!
Reivindiquemos um Estado-social verdadeiro e equalitário! Onde todos possam ser tratados da mesma forma, em que todos possamos ter acesso aos mesmos meios de igual forma! Sei que pode parecer utópico, mas não é!
Todos devem ter acesso igual ao bom trabalho, à boa saúde, à boa educação e ao bom sucesso!
Chega de hipocrisias e demagogias, chega de aeroportos e TGV’s, chega de falsos projectos que não saem do papel, nem sequer chegam a ir para papel, chega de corrupção e de políticas educativas e sociais que só conduzem ao abandono e ao aumento da precariedade social. Chega de políticas de encerramento de hospitais, maternidades, centros hospitalares, de forma completamente irresponsável!
Está na hora de gritar, está na hora de revolucionar!
Cito agora Manuel Alegre e o poema Letra para um hino:
[Eu acredito num país em que]

É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

É possível andar sem olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
se te apetece dizer não grita comigo: não.

É possível viver de outro modo.
É possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.

Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre, livre, livre.

Manuel Alegre

Chega de políticas de Pane et Circum que só servem para alimentar os egos desmesurados daqueles que estão à frente dos cargos governativos, para os quais o povo os elegeu, somente para se servirem do povo, somente para explorar e oprimirem o povo!
Não nos devemos esquecer que aqueles que um dia ousaram mudar conseguiram-no!
Ousemos nós também!